Carta da 44ª Reditec 2020

Sob o jargão “A Rede não para” foi realizada a 44ª Reunião Anual dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Reditec 2020), promovida pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), entre os dias 5 e 8 de outubro, com um formato inovador e desafiador, totalmente digital, representando de forma emblemática todos os obstáculos impostos pela pandemia do novo Coronavírus.

O tema escolhido para este ano foi “Contribuições, perspectivas e transformações da Rede Federal para os contextos de pandemia e pós-pandemia”, traçado em quatro eixos de discussão: política, educação, gestão e trabalho, e internacionalização.

Contando com ricos debates, feitos no formato de mesas-redondas, os expositores debateram e interagiram, virtualmente, com o público que acompanhava o evento, por meio dos canais digitais oficiais do Conif, sobre as temáticas colocadas. Vale destacar que a Reditec, geralmente direcionada aos dirigentes e gestores da Rede, quebrou mais um paradigma nesse ano e foi além: expandiu suas fronteiras e fez dessa a edição mais inclusiva da história, contando com toda a comunidade acadêmica, com a participação dos servidores de todas as áreas e dos estudantes. Um feito que reuniu mais de três mil pessoas durantes os quatro dias da Reunião.

Diante do cenário incerto que se vivencia e dos revezes que são colocados, percebemos que os próximos caminhos a trilhar serão árduos, desde a consolidação da Rede até a luta por sua expansão e sobrevivência, com a ameaça de cortes orçamentários e falta de investimento. É inconcebível estruturar um país em um cenário de pós-pandemia, sem um aporte justo de recursos para a Educação, e para o fomento da pesquisa e da inovação. O papel da Rede Federal é garantir a retomada do crescimento e das atividades do país, por meio da aplicação do conhecimento em favor da vida dos brasileiros, o que somente será possível com investimentos.

Outro ponto que abordamos é a preservação da autonomia e da democracia, com a manutenção do direito da comunidade acadêmica de escolher livremente seus dirigentes, sem delegar a outras instituições a prerrogativa de interferir na academia e sem delimitar o espaço democrático.

Não aceitaremos, dessa forma, intervenções nos processos democráticos já consolidados em mais de um século de Rede Federal, que conta com uma legislação moderna e consagrada no tocante à escolha de seus dirigentes, referenciada pela Lei de Criação dos Institutos Federais (Lei º 11.892/2008), aprovada por unanimidade pelos membros do Congresso Nacional.

Contudo, também é na adversidade que surgem as oportunidades, as novas formas para se repensar e se reinventar, e essa foi a tônica presente em todas as mesas de discussão. A reflexão sobre a forma de interação entre os indivíduos diante de um novo mundo, as relações com o mundo do trabalho, as novas formas de ensinar e aprender, bem como a nova dinâmica social tiveram que se reconfigurar diante de novas demandas, com o uso direto e constante das tecnologias.

Assim, questionamos sobre os desafios de se implementar uma educação digital e à distância, de como reformular os processos de ensino, pesquisa e extensão, sem perder nossas características primordiais que são a inclusão, a autonomia, a inovação, o empreendedorismo e o engajamento com a comunidade acadêmica e com os setores produtivos locais, exercendo nossa função de unidades estruturantes do país.

A Rede Federal mostrou mais uma vez sua força, desde a concepção até a execução da 44ª Reditec, contando com o apoio de todas as instituições para que ela ocorresse. Durante a pandemia, a Rede já realizou mais de 1.713.741 ações no enfretamento à COVID-19 e continuará a cumprir seu papel social no pós-pandemia, levando educação de qualidade, ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo para todo o Brasil e, também para o mundo.